sábado, 24 de julho de 2021

Eu, mãe da minha natureza

Ao olhar pro meu passado, 

não me vejo nele, 

porque eu já não sou aquela

quem viveu ele.


E, à tarde, 

eu ainda não era 

quem eu sou agora

à noite.


E, amanhã, 

já não serei 

quem eu era, 

ali, 

na estrofe anterior.


Assim, de tic-tac em tic-tac, 

vou nascer de novo.

Sempre de uma raiz teimosa 

que sai de dentro de mim.

Autoamor

Quando eu me perco de mim mesma, me permito esvair. 

Quando eu voo pra longe do meu território, me permito me ver de cima, me ver embaixo.

Quando eu ando pela minha estrada, me permito descansar, porque eu já disse noutro dia, a estrada é de cascalho...

Quando eu me esvazio de sentir, me permito gelar, pois o frio é o contraste que me lembra que eu posso incendiar.

Quando eu me sinto bem pequena, me permito sumir pra reaparecer maior.

Quando me vejo exausta, me permito me colocar na cama.

Quando me abraço forte, me permito me amar 

pra que, 

ali dentro, 

eu me aceite e me aprove, 

para que eu me aceite e me aprove, 

para que eu me aceite e me aprove, 

apesar de tudo.

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Eulíptica

Eu tô me orbitando pela primeira vez.

Minha casa tá em mim

Eu sempre tive que lidar com inseguranças, porque minha vida era areia movediça (mudança de planos, de casa, de cidade, de escola, de rotina, etc.). Assim, tornei-me uma adulta desesperada por chão firme, por solo de concreto. 

Foi assim até eu entender o conceito de impermanência e que, além disso, sou um ser infinito.

Bem, saber disso me transformou, drasticamente, de dentro pra fora. Pois tudo foi ressignificado a partir dos seguintes questionamentos:

- o que é felicidade pra mim? 

- o que eu gostaria de viver?

- o que faz sentido pra July que tá renascendo? 

- porque sempre esperei pelos outros concretarem o meu chão? 

- eu não posso dar conta de mim? 

- onde estão escondidas minhas vontades dentro da minha própria vida? 

- eu tô aproveitando essa minha passagem pela terra de forma que eu realmente me sinta bem?

Essa compreensão me trouxe paz, me trouxe coragem pra soltar, coragem pra me jogar no inseguro, mas desta vez, por escolha minha.

A minha casa não tá em mais ninguém, ela tá somente em mim.

De fábrica

Amiga: 

-Tu é muito complexa! 

Eu: 

- Mas não posso me facilitar pros outros me entenderem. Eu já vim assim!

Autodúvida

Se enfraqueço com brisa, eu que sou frágil ou ela é que é furacão?

(Quando não sei se sou fraca ou se o golpe é que foi forte demais.)

O aborto do meu suicídio

Alérgica a mentiras, tomava-as como verdades, homeopaticamente. A minha cura veio com o abandono desse tratamento e com o meu, mais do que necessário, autoacolhimento.

Passarinha

Eu não nasci pra me aninhar 

Eu nasci pra me agitar 

Mas eu sempre retorno pro ninho 

Quando o agito me tira do ar

Daqui pra frente

Hoje, meu futuro não tem cor

Hoje, vou ter que abrir minha mão e largar tudo que seguro

Pra me pegar no colo

Pra me segurar em mim

Pra buscar o meu próprio eixo

E iluminar o meu próprio feixe

No ventre da elefanta

Dias mais felizes estão, ainda, em gestação.

terça-feira, 6 de julho de 2021

Onde?

Onde eu guardo tudo aquilo que eu inventei?