sábado, 24 de abril de 2021

July Helen: há 29 anos acumulando contradições


Eu sempre gostei de gastar meu tempo observando as pessoas, suas atitudes, seus comportamentos, tentando defini-las sob o aspecto ao qual eu tinha acesso, ou seja, o parcial, que quase sempre é o mais legal. Isso porque as pessoas, normalmente, preferem expor mais aquele seu lado melhorzinho, principalmente em tempos de hiper exposição nas redes sociais, quando observamos as perfeições passarem demasiadamente em nosso feed como se isso fosse um retrato da realidade... 

Pois bem, além de analisar os outros, também gosto muito de me analisar. Porém exatamente como eu faço com os alheios, faço comigo mesma: me julgar e me definir somente pela faceta exposta. Isso faz com que pensamentos assim sejam gerados na minha mente: "então eu sou assim" ou "então eu sou assado". Sem meio termo. Sem titubear. Ando na linha. Focada naquela pessoa que eu mostro para os outros e também para mim.

Ao pensar a respeito disso, surge uma questão: e se eu não precisar seguir regra nenhuma sobre mim? E se esse manual que sigo não existe? E se eu estou presa dentro de um quarto no qual a porta não está trancada? 

BINGO!

Foi assim, pá pum. Eu só girei a maçaneta e, de repente, estava livre. Era uma verdade tão presente, mas tão inconsciente... 

Desviando-me do meu protocolo, exponho algumas contradições: 

- sou vegetariana mas como peixe;

- sou amante da cultura prestigiada mas amo um besteirol americano;

- sou limpinha mas as minhas panelas não são areadas nas bordas;

- gosto de ser saudável, mas não posso ver um doce gorduroso;

- não tenho medo de seguir meus sonhos, mas morro de medo de dirigir;

- sou dedicada mas não posso enxergar uma brecha para procrastinar;

- gosto de ler, mas não devoro livros em questão de horas (ou dias);

- sou estudante de letras e não sei tudo da gramática normativa;

- canto em coral mas tô por dentro dos funks da gurizada;

- sou vaidosa mas acho perda de tempo pintar as unhas;

- sou inquieta, mas posso passar o dia inteiro tomando banho de sol sem me mexer;

- etc.

Tantas contradições de mim para mim e em mim. E qual é o problema? Nenhum. 

A Fresno já avisava "quebre as correntes", mas é que nem sempre a gente tá pronto pra entender o que significa apenas ser.

Simplesmente seja o que é.


Gratidão por esses 29 anos de vida e por ter a oportunidade diária de evoluir.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Eu e o quebra-cabeça dos dálmatas

[Postado no Facebook dia 24 de abril de 2020.]


Hoje é dia de reflexão, pois completo mais um ano desde que saí de dentro da minha mãe e isso foi há 28 anos... Chego aqui, neste dia 24/04/2020 com a certeza absoluta de que não temos certeza de nada.
Quem me conhece sabe que hoje é o badalado, fiasquento e "maravilindo" DIA DA PRINCESA e que há alguns anos comemoro meus anivers perto de amigos, perto de música, perto de comida e perto de bebida boa e barata (claro). Esse ano eu já tinha um lugar perfeito pra ir, mas aconteceu, tá acontecendo e ainda vai acontecer o coronavírus. Eu não estou triste, nem brava, nem espraguejando o universo, porque eu sei que nossos planos são só planos, não significam que vão acontecer. Não tô falando pra não ter planos!!! Hahahhah Tô só dizendo que o rumo muda, sem a gente querer. E o que fazemos? Lidamos.
Então, como sou muito de pensar (viajar mesmo), considero-me feliz aos 28. Acho que sou um monte de coisa misturada que até aqui deu certo e sinto orgulho do que vejo. Sou como esse quebra-cabeça dos dálmatas, foram algumas tentativas de completá-lo (durante anos)... Porém chegou o dia em que ele ficou "incompletamente" pronto.
Acho que estamos sempre em construção e não tem problema ficar faltando peça, quem se arrisca acaba deixando um pouco de si pelo caminho...
Obrigada, vida!
Obrigada, July de ontem, família, amigos, não amigos e pessoas aleatórias que cruzaram o meu caminho até aqui, todos vocês contribuíram para a eterna construção do meu ser. ❤
"Identidade, então, não é fim, nem começo; ela situa-se no próprio processo de sua construção. Donde a metáfora do 'mosaico' em que as partes vão se agregando para construir o todo." (BERNO, 2018, p. 46).