Hoje, bem no momento em que eu saí da farmácia, me deparei com uma moça andando na calçada. Então comecei a caminhar e, coincidentemente, íamos na mesma direção, na mesma velocidade, juntas. Assim, me vi caminhando ao lado de uma desconhecida!
Tentei diminuir o passo pra ver se ela ia mais rápido e aquela sintonia se dissipava, mas acho que ela teve a mesma ideia, por isso, continuamos andando lado a lado, só que mais devagar... Dessa forma, nasceu essa ideia que lhes escrevo agora: porque eu me senti tão incomodada ao andar no mesmo ritmo e com uma pessoa que eu não conhecia?
Aquilo era tão desconfortável que eu acelerei minhas curtíssimas pernas e a ultrapassei, pondo fim àquela agonia. Mas meu questionamento não findou e eu comecei a divagar como sempre, como todo dia, como toda hora.
O que faz eu me sentir bem ao caminhar junto de alguém? Ou melhor, o que faz eu querer andar com alguém? O me faz escolher justamente o ritmo daquela pessoa? Porque, convenhamos, ao andarmos com alguém que desejamos acompanhar é feita uma combinação silenciosa que me arrisco a traduzir como: não me ultrapasse e nem fique pra trás, só vem junto comigo...
Essa harmonização entre as pessoas acontece de forma tão natural que não percebemos, a não ser quando a gente se desconecta e, então, surgem reclamações do tipo: "esperaaaaa, vai mais devagar" ou "anda mais rápido, não te arrasta".
Talvez tu deva estar pensando que é uma bobagem, pois, obviamente, um dos motivos pelo qual a gente anda junto com quem queremos é pra conversar com a pessoa. Entretanto, como tu me explica a caminhada em silêncio e, ainda, compassada?
Sendo assim, essa é mais uma evidência baseada nas minhas regras de universo, que, absolutamente, não são confiáveis, que prova o quanto estamos interligados em essência e frequência. Portanto, agora, pra mim, nada pode ser mais sentimental do que quando alguém decide, silenciosamente, andar comigo e no meu ritmo.