terça-feira, 30 de junho de 2020

Realidade surreal


Nesta foto sou eu, em fevereiro de 2020 e inacreditavelmente ainda estamos no mesmo ano. Como diria Chorão:

"como pode tudo mudar?
em um segundo nem pensar
não vou voltar atrás
agora é assim que vai ser"

   Após 3 meses e meio de isolamento social, preciso dizer como me sinto e talvez alguém que leia este pequeno texto acabe por se identificar.
   Eu amo falar, não calo a boca nunca e por consequência sou muito sociável. Embora eu esteja mantendo o contato virtual com inúmeras pessoas, isso nunca é o suficiente. Eu tenho uma fome insaciável de companhia, uma sede de gente que se assemelha a de ressaca de vinho tinto seco. Estou carente? Pode ser... Mas sendo eu um mamífero, latino e ainda por cima brasileiro, acho que é normal sentir falta do contato físico com a humanidade.
    Eu sinto falta de ir ao bar com meus amigos, tocar na mesa cheia de germes e não me preocupar com isso. Sinto falta de dar gargalhadas com a boca bem aberta sem lembrar de todas as partículas imundas que saem por meio da minha saliva e que espirram no ambiente. Eu quero voltar a escolher os meus cacarecos nas lojas de 1,99 com as minhas próprias mãos. Quero cochichar no teu ouvido sem máscara. Quero voltar a comer brigadeiro quente no mesmo prato que tu. Quero tomar caipirinha no mesmo copo em que aquelas 15 pessoas estão colocando a boca. Quero voltar a tocar no mundo, sem medo.
   Estamos vivendo uma realidade surreal, um paradoxo inimaginável. Eu só quero voltar a respirar  fundo e pensar: tá sereno, é só poluição.