segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Após uma dispensa, um corte de cabelo



   Fui dispensada. Fiquei desesperada, frustada... Chorei, chorei, liguei pra minha mãe... Não adiantou, era somente eu e minha indignação.
   As pessoas na rua me olhavam, como se eu fosse mesmo a coitadinha que eu estava sentido que era. Mas eu não estava me importando, com as lágrimas de criança abandonada, que desciam pelo meu rosto dispensado.
   Eu já fui dispensada muitas outras vezes... Já sabia o que fazer para trazer felicidade ao meu coração outra vez. Caminhei no meio do meu vendaval interno, inconscientemente, para o salão de beleza. E chegando lá todos olharam para minha cara vermelha de choro, implorando para cortarem meu cabelo e disseram que se eu tivesse sorte, e a cliente não chegasse em 10 min., eu teria a chance da mais pura alegria naquele momento de depressão.
   E ela não chegou, e lá estava eu, sentada/deitada na cadeira de lavar o cabelo, e o garoto, que eu achei que era gay, quase arrancou meu cérebro fora de tanta força que usou. Só que eu não estava sentindo dor maior que a do meu coração, e o pior de tudo, estava tocando Regina Spektor...
  Depois da tortura e dos cascudos que levei, me sentei na cadeira do prazer supremo, onde eu tinha todo o poder do mundo. Expliquei o que queria, feito uma rainha. Meu súdito obedeceu minhas ordens e me deixou perfeita.
   Saí de lá tão feliz, que já nem sei se saí perdendo ou ganhando dessa história.
   Só sei que ser dispensada dói e que um corte de cabelo, é um milagre.